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Desafios da APLV no ambiente escolar

Eu pensei em não escrever aqui hoje... Talvez não seja um bom momento para abordar esse assunto porque estou muito chateada, triste, cansada talvez, com todos os pequenos grandes desafios que enfrento todos os dias por causa da APLV. Mas pensei bem e não posso deixar passar... Esse blog tem o objetivo de falar da APLV, divulgar informações, compartilhar experiências, mas é também o meu cantinho de desabafo! 

Eu já falei desse assunto antes, neste post aqui, mas, infelizmente, hoje venho contar mais uma situação que considero de exclusão da criança alérgica no ambiente escolar. 

Na última sexta-feira eu saí um pouco mais cedo do trabalho e fui buscar a Malu na escola junto com o papai. Ela fica tão feliz quando eu vou, porque, geralmente, é só o papai que vai buscá-la. 

A professora a trouxe até o portão e comentou que ela tinha comido os morangos do bolo de uma coleguinha... Na hora eu não entendi direito, haviam outras mães pegando seus filhos, a Malu falava comigo e eu imaginei apenas que ela tinha sido muito gulosa, já que ama morango!

Mas, antes de entrarmos no carro, eu e a Malu fomos ver os bichinhos (galinhas, patos, etc.) que ficam na propriedade em frente à escola. Foi quando ela me contou que a coleguinha estava de aniversário, que teve bolo, mas ela não pode comer porque tinha leite, então ela ganhou os morangos que estavam em cima do bolo. Foi aí que a minha ficha caiu! 

Voltei para o portão da escola e confirmei a história com uma outra professora que, toda sem graça, me falou que a mãe não tinha avisado que iria mandar bolo. 

Fiquei imaginando a cena dela comendo os morangos, separada das outras crianças que comiam bolo, que ela tanto gosta e que eu faço toda a questão de mandar para a escola quando tem festa. Achei melhor não falar nada na hora e segurei o choro. 

Para muitos pode parecer besteira o estou contando, mas esse episódio mostra o despreparo das escolas para lidar com uma criança com restrição alimentar. Em primeiro lugar, eles não poderiam ter dado os morangos do bolo para a Malu. Eles estavam contaminados! Graças a Deus, ela não teve nenhuma reação grave, mas se fosse uma criança mais sensível poderia ter tido. Em segundo, a escola não faz valer as regras acordadas com os pais. Eu lembro muito bem de uma reunião no final do ano passado em que foi falado que os pais deveriam avisar com antecedência para fazer as comemorações de aniversário na escola.

Passei o final de semana inteiro remoendo isso, e eu e o papai conversamos e decidimos ir na escola na segunda-feira conversar com a dona/coordenadora. 

Eu levei uma cartilha sobre APLV para escolas, educadores e cuidadores, mais uma vez, conversei, expliquei os riscos desse tipo de atitude e cobramos uma posição com relação as festividades na escola. 

A coordenadora foi atenciosa, prometeu ler a cartilha e repassar as informações para as professoras e também discutir as regras para as comemorações de aniversário na próxima reunião de pais. Vamos ver se as coisas melhoram.

Hoje num dos grupos do facebook de mães de alérgicos que participo, uma mãe desesperada relatou que a sua filha comeu o lanche da escola ao invés do seu e passou muito mal!

As escolas precisam se preparar para receber essas crianças com restrição alimentar, pois, infelizmente, o número de crianças alérgicas está aumentando cada vez mais.

Algumas ações simples poderiam ser adotadas para melhorar o atendimento a essas crianças:
  • Em primeiro lugar, porque não ter um cardápio livre dos principais alergênicos (leite, ovo) para que todas as crianças possam comer a mesma coisa sem riscos e evitando as contaminações? Isso é possível e algumas poucas escolas já adotam essa prática.  
  • Limpar as mesas e orientar a higiene das crianças após as refeições. 
  • Criar regras para as festividades, com prazo para avisar a escola e os pais das crianças alérgicas ou proibir para evitar situações de exclusão.
  • Proibir a distribuição de lembrancinhas de aniversário com guloseimas ou solicitar aos pais dos aniversariantes que entrem em contato com os pais das crianças alérgicas para promover a substituição dos itens proibidos. 
  • Cuidar também com os presentes entregues nas datas comemorativas como páscoa, dia das crianças, natal, etc. 

Comentários

  1. Comigo é assim tb Luciana, primeiro dia de aula achei um bis derretido na mochila pq ele ficou com vergonha de não pegar, Páscoa a mesma coisa, dia das crianças doces e mais doces. Até na fila do Papai Noel eu tenho que ir antes enquanto meu marido o distrai e implorar pra Mamãe Noel não dar o doce . Uma vez ele disse não obrigado sou diabético e o lindo papai Noel disse: a coitadinho minha filha também tem e amputou a perna faz um ano! Comentário super lindo que o deixou arrasado

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    1. Lígia, como eu comentei no nosso grupo, o seu desafio não é menor que o meu! Que falta de sensibilidade a desse Papai Noel! Eu penso que temos que lutar que inclusão das crianças com alguma restrição alimentar, mas não queremos que tenham pena dos nossos filhos em nenhuma hipótese.
      Beijos e obrigada pela visita e comentário.

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  2. Deixo aqui minha solidariedade! É difícil mesmo e não podemos fraquejar.... Meu Rafa já vai fazer 9 anos e a alergia tá lá, firme e forte. A exclusão ,por mais que não queiramos que exista, existe, até por se fazer necessária em alguns casos. Na mesa da creche ele sentava na cabeceira, depois duas tias e daí então o restante das crianças que eram muito pequenas. Isso não impediu que alguns acidentes lácteos acontecessem (ele tomar uma caneca de leite do colega por engano, por exemplo). E até me lembro de um episódio na páscoa: a creche era do meu antigo emprego (eu era nutricionista de um hospital público). Soube que todas as crianças iriam ganhar ovo de páscoa, mas meu filho ia ganhar uma barrinha de chocolate sem leite. Questionei e fui informada que o Rafa ganhasse o ovo dele (que era maior que o das outras crianças) eles teriam que aumentar o tamanho dos das outras pois elas iriam se sentir excluídas e havia um problema de custo. Bati o pé (afinal era o benefício dos outros em detrimento do meu filho) e acho que só ganhei a briga mesmo pois trabalhava lá. Casos parecidos acontecessem na escola atual. Somente no ano passado, depois de 4 anos na mesma escola, eles se lembraram de comprar para ele um doce sem leite para substituir o bombom que eles dão no dias das crianças. Nunca reclamei anteriormente e elogiei a escola quando o fato aconteceu. Nas 4 páscoas que foram passadas lá, apenas uma professora fez questão de fazer a culinária dos ovos com o chocolate dele (foi um dos dias mais felizes para ele, pois participou do projeto como os outros). Ele nunca deixou de participar de qualquer festinha em qualquer lugar por causa do leite, sempre mandei substitutos pra ele. Em todos os casos, sempre, converso com ele sobre o assunto. Deixo para ele a minha opinião de que a vida nos coloca limites e escuto dele suas dúvidas e frustrações. Problemas existem, nada é perfeito e nunca vai ser. Até porque se fossem problemas dessa natureza, seriam outros. Mas a verdade é que nosso coração de mãe dói sim, mas temos que nos fortalecer na certeza de que fazemos o nosso melhor. Abraços e boa sorte com sua filhinha. Viva a vida!!

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    1. Lu,
      Muito obrigada por compartilhar a sua história e a do seu filho.
      Concordo com você que nossos filhos precisam aprender que a vida impõe alguns limites, mas não consigo aceitar essa exclusão, não no ambiente escolar, onde os profissionais deveriam ser capacitados para lidar com esse tipo de situação.
      Enquanto eu tiver forças, vou divulgar informações, vou reclamar, vou brigar!
      Beijos!

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  3. Amiga, imagino o quanto é difícil, e realmente as escolas estão tão despreparadas. Espero que isso não se repita né? Porque fica uma situação bem chata e triste para Malu...
    Mil beijosss!

    Blog: Caio, o melhor presente

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    1. Obrigada, Thaty
      Eu também espero que não aconteça mais.
      Beijos!

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  4. Imagino como deve ter sido triste para você...quando meus familiares tem essa atitude separatista eu já me entristeço, imagine quando meu pequeno for a escola e passar por situações como essa....mas, com fé em Deus esse fato não vai se repetir. A sociedade precisa aprender a lidar com as diferenças. Se alérgico não é anormal...anormal é a exclusão...porque a alimentação não pode ser fator igual a todos??!!...(Desculpe, também estou desabafando)...Bjokas...

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  5. Olá, Renata
    A exclusão nos entristece demais, não é? Seja em casa, com a família, nas festas, etc. Mas é na escola, onde nossos filhos passam mais tempo e estão longe dos nossos olhos, que nós precisamos de pessoas que entendam o quanto pode machucar a criança e a família. Nós precisamos que a escola seja nossa parceira, ou tudo fica mais difícil.
    Beijos e obrigada pela visita e comentário.

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  6. Fico chateada também, viu?!! Me lembro da sua preocupação em escolher a escola, em orientar os responsáveis pelo cuidado dela. Acredito que a escola não vá mais cometer esse deslize depois dessa reunião em particular com a cordenadora, isso é o que se espera!

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  7. Lu, meu nome é Fabiana e eu escrevo para o blog Maternar da Folha. Quero fazer um post sobre alergia ao leite de vaca e pesquisando alguns sites achei o seu blog. Será q vc poderia entrar em contato comigo para uma entrevista? fabiana.futema@grupofolha.com.br (11) 3224-4301/98101-9504. Queria abordar a questão da alergia e das escolas. Obrigada

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  8. Oi Lú, boa tarde, tudo bem?
    Sou mãe da Maria Eduarda, de 4 anos, também com APLV. Sou dona do Blog Desafio Mamãe.
    Outra tarde passei pela mesmíssima situação que você, sabe quando você assisti um capítulo da novela e pensa que estão falando da sua vida? É assim que me senti lendo o seu post... :-(
    A professora da minha filha fez aniversário e as mães de algumas crianças tiveram a brilhante ideia de surpreendê-la com um bolo... Porém, ninguém me falou nada...
    Ao entrar no carro, após a saída da escola, a minha filha me disse: "mamãe, eu comi a cedfaada do bolo..." Eu questinei, dizendo: "Cereja, filha?" E ela me respondeu que sim... Mas como a minha filha é maior, conseguiu me explicar dizendo: "Eu não comi bolo porque não posso, tinha leite..." E ela completou: "Eu queria bolo..." Meus olhos se encheram de lágrimas e me deu um nó na garganta...
    Pedi para falar para a professera que justificou dizendo que realmente foi uma surpresa, e que sem saber o que fazer, explicou que as cerejas, que são a melhor parte do bolo, seriam de uma pessoa muito especial.
    Pedi para falar com a diretora da escola e expliquei que a sua alérgia é um assunto sério e que isso não pode acontecer! Ao conversar com a diretoria, meus olhos e ela pareceu entender os meus sentimentos.
    Este assunto já está na pauta da reunião de pais que está marcada para o próximo mês.
    Espero que todos entendam e que respeitem, pois antes de matriculá-la, alertei sobre a sua alergia em diversos momentos, e a alergia não foi colocada pela escola como um problema.
    Um super beijo Lú, para você e sua família, vamos vencer esta luta! =)

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  9. Este comentário foi removido pelo autor.

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  10. Lu,
    Estou lendo o teu post de quase 3 anos atrás e chorando.
    Tenho uma filha de 2 anos e meio, que está na escola desde o início de 2016. Moro em uma cidade pequena e escolhi está escola por ser a única onde as crianças levavam os seus lanches de cada. Tínhamos um cardápio mas cada criança levava o seu lanche. Hoje recebi a informação que a partir do próximo ano os pais poderão optar em comprar em uma padaria que fará a entrega dos lances na escola. Estou aqui imaginado: será que eles produzirão os lanches sem proteína do leite para todos os alunos, ou serà que a minha filha terá um lance diferente, ou pior ainda, só ela levará o lanche de casa. Estou muito triste só de imaginar como será o próximo ano.
    Mas ao mesmo tempo é reconfortante saber que não estou só.
    Abraços

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    1. Olá, Karina.
      Acabei de reler o meu post e as lágrimas insistem em cair de novo... Apesar da cura já ter vindo a algum tempo, eu ainda sinto um aperto no peito quando relembro esses momentos difíceis.
      Mas não desanime, procure a escola, tente buscar alternativas que permitam a inclusão da sua filha. Se a sua filha não reage à contato, talvez seja possível que a padaria adapte o cardápio sem leite e derivados. Boa sorte!

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