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Filha alérgica, mãe intolerante

Isso mesmo! Não bastava ser mãe de uma criança alérgica à proteína do leite, acabei de descobrir que desenvolvi intolerância à lactose!

Esta descoberta só vem a reforçar a minha ideia de que o leite de vaca não deveria ser ingerido pelo homem, mas isso é assunto para outro post...

Como o foco aqui sempre foi a APLV, vou dar uma pequena pincelada sobre a intolerância à lactose.

Intolerância à lactose é o nome que se dá à incapacidade parcial ou completa de digerir o açúcar existente no leite e seus derivados. Ela ocorre quando o organismo não produz, ou produz em quantidade insuficiente, uma enzima digestiva chamada lactase, que quebra e decompõe a lactose, ou seja, o açúcar do leite.

Como consequência, essa substância chega ao intestino grosso inalterada. Ali, ela se acumula e é fermentada por bactérias que fabricam ácido lático e gases, promovem maior retenção de água e o aparecimento de diarreias e cólicas.

É importante estabelecer a diferença entre alergia ao leite e intolerância à lactose. A alergia é uma reação imunológica adversa às proteínas do leite, que se manifesta após a ingestão de uma porção, por menor que seja, de leite ou derivados. Por favor, não existe alergia à lactose!

Pesquisas mostram que 70% dos brasileiros apresentam algum grau de intolerância à lactose, que pode ser leve, moderado ou grave, segundo o tipo de deficiência apresentada.

Tipos

1) Deficiência congênita – por um problema genético, a criança nasce sem condições de produzir lactase (forma rara, mas crônica);

2) Deficiência primária – diminuição natural e progressiva na produção de lactase a partir da adolescência e até o fim da vida (forma mais comum);

3) Deficiência secundária – a produção de lactase é afetada por doenças intestinais, como diarreias, síndrome do intestino irritável, doença de Crohn, doença celíaca, ou alergia à proteína do leite, por exemplo. Nesses casos, a intolerância pode ser temporária e desaparecer com o controle da doença de base.

Sintomas

Os sintomas da intolerância à lactose se concentram no sistema digestório e melhoram com a interrupção do consumo de produtos lácteos. Eles costumam surgir minutos ou horas depois da ingestão de leite in natura, de seus derivados (queijos, manteiga, creme de leite, leite condensado, requeijão, etc.) ou de alimentos que contêm leite em sua composição (sorvetes, cremes, mingaus, pudins, bolos, etc.). Os mais característicos são distensão abdominal, cólicas, diarreia, flatulência (excesso de gases), náuseas, ardor anal e assaduras, estes dois últimos provocados pela presença de fezes mais ácidas. Crianças pequenas e bebês portadores do distúrbio, em geral, perdem peso e crescem mais lentamente.

Diagnóstico

Além da avaliação clínica, o diagnóstico da intolerância à lactose pode contar com três exames específicos: teste de tolerância à lactose, teste de hidrogênio na respiração e teste de acidez nas fezes.

O primeiro é oferecido pelo SUS gratuitamente. O paciente recebe uma dose de lactose em jejum e, depois de algum tempo, colhe amostras de sangue para medir os níveis de glicose, que permanecem inalterados nos portadores do distúrbio.

O segundo considera o nível de hidrogênio eliminado na expiração depois de o paciente ter ingerido doses altas de lactose e o terceiro leva em conta a análise do nível de acidez no exame de fezes.

Tratamento

A intolerância à lactose não é uma doença. É uma carência do organismo que pode ser controlada com dieta.

A pessoa que desenvolveu intolerância à lactose pode levar vida absolutamente normal desde que siga a dieta adequada.
 
Em alguns casos, pode ser feito uso de um suplemento alguns minutos antes da ingestão de alimentos com lactose.
 
 
O meu caso
 
Como mãe de uma criança APLV, eu já não consumia muito leite e derivados. Leite mesmo não entra em casa, mas como a Malu não reage a traços, nunca cortamos derivados do café da manhã (queijo e requeijão). Eu cozinho tudo sem leite e derivados, com uma única exceção... pizza.
 
Há uns 30 dias comecei a sentir alguns sintomas que nunca tive (distensão abdominal, cólicas leves, excesso de gases) comentei com a minha nutricionista e ela pediu um teste de tolerância à lactose. Fiz o exame achando que não seria IL, porque os sintomas não eram tão fortes assim (sempre li que a pessoa tinha diarreia e eu não tenho), mas para a minha surpresa, o resultado foi uma intolerância grave!
 
Desde o diagnóstico da IL, cortei o leite e derivados da minha alimentação e percebi uma grande melhora. Mas também notei que um pequeno deslize já traz os sintomas de volta. Ontem, por exemplo, temperei a salada com um molho tipo italino, só depois li que continha queijo parmesão! Isso foi suficiente para sentir o abdomên inchado e gases.
 
A nutricionista me encaminhou a minha nova dieta e algumas orientações. Recomendou também que eu compre um suplemento de lactase para tomar quando for consumir alimentos com lactose, mas somente em ocasiões especiais.
 
Bom, essa é mais uma fase de aprendizado na minha vida, tenho certeza que a minha experiência com APLV vai ajudar muito e a boa notícia é que vou continuar nesse mundo sem leite mesmo que a Malu fique curada da APLV! As receitinhas sem leite vão continuar! ;)

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